domingo, 18 de maio de 2014

O nome do silêncio

O sobrenome ideal para o anseio da vez em meus dias de esperança é observação, porque o nome que carrego como símbolo maior no tempo presente é conteúdo, e a descoberta de sua importância deflagra em mim uma atividade sísmica sem precedentes.
Não há por aqui (minha mente) espaço para confabulações superficiais, conjecturas rasas, proliferações não investigadas, não há em meu espaço mental lugar para aquilo que caiba perfeitamente dentro da caixa, nem tenho estímulo pelo maravilhoso e confortável mundo do lugar comum.
Não me entenda mal, juro, não é arrogância de minha parte, é até uma constatação tardia, e que, por mais que todos afirmem, de alguma forma, concordar com tal conclusão, raramente celebram essa obviedade em suas rotinas.
Fenômenos como as mídias e redes sociais trazem à tona aquilo que de mais sombrio existe na sociedade. Sua hipocrisia. De tempos para cá descobri que ser hipócrita macula a alma, não é um mal ao outro, é a si mesmo, um veneno moral difícil de remediar, um suicídio existencial a conta-gotas.
Recentemente tive uma preciosa oportunidade de assistir uma aula de metodologia da pesquisa, ministrada por uma antropóloga, que não deixava nenhuma brecha para falácias populares ou afirmações sem referências, chegava a ser rude com determinados alunos superficialmente pretensiosos. Aquela postura, por alguns entendida como arrogante, semeou naquela turma uma verdadeira casta de pulgas, daquele tipo que faz morada atrás da orelha, e que existe basicamente para nos lembrar que as coisas nunca são somente aquilo que vemos, ou pior, que achamos que vemos, e que não há espaço para achar no universo da relevância, da produtividade.
Estou certo de que, caso não hajam convicções alicerçadas no experimento e no conhecimento profundo de causa, não há porque abrir minha boca, portal resguardado do meu coração, lugar onde habitam os mais indigestos pensamentos meus, lugar que devo guardar como se guarda a honra.